Os Mestres
(Nota: Os elementos biográficos inseridos nos textos, para além dos conhecimentos próprios do autor, apoiaram-se em duas fontes:

- O site da Nihon Karate-Dô Shôtôkai
- O livro “Histoire du Karate-Dô”, do Mestre Kenji Tokitsu, Ed. SEM)

Gichin Funakoshi (1868-1957)
Yoshitaka (Gigo) Funakoshi (1906-1945)
Giei Funakoshi (1900-1961)
Shigeru Egami (1912-1981)
Motonobu (Genshin) Hironishi (1913-1999)
O Mestre G. Funakoshi nasceu em Okinawa, em 1868,e começou a praticar Karate por volta dos 12
anos, exercendo, a partir dos 21, a profissão de professor da escola primária, na cidade de Naha. Os
seus professores de Karate, Ankô Asato e, mais tarde, Ankô Itosu, eram reconhecidos como grandes
mestres da arte do Tôde (outra maneira de ler os ideogramas que formavam a palavra Karate na sua
designação original) ou “mão chinesa”.
Nos primeiros anos do séc. XX, G. Funakoshi, juntamente com outros mestres, começa a divulgar o
Karate, em demonstrações públicas, acabando assim com o secretismo e o mistério que rodeavam o
ensino desta arte. Em 1921, é encarregado de liderar uma demonstração em honra do Príncipe e futuro
Imperador do Japão, que manifesta o seu prazer em ter, entre outras coisas, assistido à demonstração
da “misteriosa elegância do Karate”. Em 1922, com a idade de 53 anos, é convidado a apresentar o
Karate na Primeira Exibição Nacional de Budô e Educação Física, em Tokyo. Quando se dispõe a regressar
a Okinawa, é surpreendido por um pedido de Jigoro Kanô, criador do Judô, para fazer uma demonstração
no dôjô Kôdôkan (sede mundial do Jûdô) e, na sequência do apoio insistente de J. Kanô, decide ficar no
Japão, para aí divulgar a sua arte.
Em 1924, G. Funakoshi decide mudar o ideograma “kara” que significa “chinês”, por outro com a mesma
pronúncia mas de significado diferente:”vazio”. (Vd. Secção Karate-Dô). Na mesma altura, como
considera que o Karate se integra no mesmo plano filosófico das outras artes do Budô, acrescenta-lhe a
palavra “Dô”, que se traduz por “caminho, via”, no sentido de filosofia de vida e conduta moral. Assim, o
praticante de Karate-Dô segue a “via” através da prática do Karate.
Em Janeiro de 1939, é construído o Shôtôkan, Dôjô Central do Shôtôkai, (Vd. Secção Shôtôkai) onde o
Mestre ensina a arte, com a colaboração do seu terceiro filho, Yoshitaka (Gigo), a quem se devem
algumas das características do Karate moderno: posições mais baixas e longas, introdução de novas técnicas de pernas (mawashi-geri, ushiro-geri,
entre outras) e novas formas de kumite.
A eles se deve a criação do Ten-no-kata e dos três Taikyoku e do kata de Konjutsu (Jogo do Pau japonês) denominado Matsukaze.
Gichin Funakoshi foi o único dos antigos mestres de Karate a deixar uma razoável obra literária, da qual sobressai o livro “Karate-Dô Kyôhan”, um
trabalho completo e exaustivo sobre a prática daquela arte, tanto na sua vertente técnica como formativa.
G. Funakoshi foi o primeiro Chairman (Presidente Director) da NKS (1936-1957) e primeiro Director Técnico do Hombu Dôjô Shôtôkan.
Gichin Funakoshi
Yoshitaka (Gigo) Funakoshi
Terceiro filho do Mestre Funakoshi, Gigo tinha uma saúde frágil desde a infância, mas isso não impediu que se tornasse um dos
maiores técnicos de Karate, sendo responsável pelas modificações introduzidas nas posições e nalgumas técnicas, assim como
pela criação, em conjunto com o seu pai, dos três kata “Taikyoku”, do kata de kumite “Ten-no-kata” e do kata de konjutsu
“Matsukaze”, na elaboração dos quais teve um papel preponderante.
Foi também ele que liderou a equipa responsável pela construção do Honbu Dôjô
Shôtôkan, inaugurado em Jan. de 1939, que viria a ser completamente destruído pelos bombardeamentos americanos em 1945.
A sua doença, agravada pelo desgosto de ver destruídos tanto a residência como o Dôjô de seu pai, vitimou-o nesse mesmo ano.
Gigo Funakoshi foi “Vice-Chairman da NKS de 1936 a 1945.
Giei Funakoshi
Giei Funakoshi, primeiro filho de Gishin Funakoshi, sucedeu a seu pai na chefia da NKS, tendo desempenhado o cargo de
“Chairman” desde a morte deste, em 1957, até 1961, ano em que morreu.
Preocupado com o caminho que outras organizações de Karate estavam a tomar, transformando a arte num simples
desporto de combate, contrariando os ensinamentos do Mestre, Giei Funakoshi estabeleceu, como prioridade maior, a
reconstrução do Dôjô Shôtôkan como centro de prática e de preservação dos valores sempre ensinados por seu pai.
Giei morreu antes de ver esse sonho realizado, mas lançou as sementes que conduziriam à reconstrução do Shôtôkan, em
1976.
Shigeru Egami, foi, juntamente com Motonobu Hironishi, sucessor do Mestre Funakoshi, tendo
desempenhado o cargo de Director Técnico do Dôjô Shôtôkan, desde a sua reconstrução, em 1976, até
ao fim dos seus dias, em 1981, tendo ambos liderado o movimento para essa reconstrução.
Ao Mestre Egami se deve a “revolução” que modificou a concepção do treino, da execução das
técnicas, da utilização da força e das deslocações. O treino do makiwara (poste com uma almofada de
palha de arroz, que era utilizado para endurecer as mãos e os braços) foi banido, com o argumento de
que era mais prejudicial que benéfico para a execução do tsuki (ataque penetrante).
Os movimentos passaram a ser executados com mais fluidez e amplitude, acabando-se com a blocagem
no final, mas mantendo a concentração de energia no ponto de impacto, o que é conseguido com a
descontracção de todos os músculos não necessários à execução das técnicas.
A concepção de “oposição ao adversário” foi substituída pela de “harmonização com o adversário”, a
dualidade pela unidade, “yin” e “yang” pelo todo. Ao tornar-me uno com o meu adversário, eu sentirei
qualquer intenção sua, antes mesmo de qualquer movimento.
Existem, dentro do Shôtôkai, principalmente no Japão, mas também no resto do mundo, concepções
diferentes do novo método de S. Egami. Uma das causas deve-se ao facto de muitos dos seus alunos,
ao longo dos anos, terem deixado de ter contacto com ele, não se dando conta da evolução posterior
das suas pesquisas. Outra, com maior incidência fora do Japão, é devida à diversa e, nalguns casos,
deficiente, compreensão que alguns responsáveis tiveram da ideia de descontracção e fluidez
características do novo método. Noutros casos, essas diferenças advêm de opções de carácter pessoal
dos responsáveis técnicos de alguns grupos.
Shigeru Egami visitou Portugal (além de França e Itália), a convite do Mestre Murakami, em Maio de
1976. Na sua presença, o Mestre Tomoji Miyamoto, que o acompanhava, orientou uma aula na qual
participaram centenas de praticantes, tendo sido o evento com maior participação alguma vez feito no nosso país.
Deixou algumas obras, das quais a mais conhecida é “A Via do Karate-Para Além da Técnica”, que se encontra traduzida em português.
Shigeru Egami
O Mestre M. Hironishi foi o segundo Presidente da NKS (desde 1962 a 1995). Um dos alunos mais antigos, juntamente com S.
Egami, do Mestre Funakoshi, teve um papel preponderante e decisivo, tanto na preservação dos ideais do seu Mestre, como
na do próprio Karate, ao conseguir que esta arte fosse ensinada independentemente do Jûdô, nas escolas e universidades
do Japão. De facto, em 1943, o Ministro da Educação tinha emitido um decreto, regulador da Educação Física nas escolas,
que estipulava, entre outras coisas, que o Karate devia ser ensinado durante as aulas de Jûdô. Os seus esforços e a sua
argumentação contra esta medida foram coroados de êxito e o Karate foi reconhecido como uma arte marcial
independente.
Depois da guerra, as Forças Aliadas proibiram as artes marciais japonesas, dissolvendo o Dai-Nihon Butokukai (uma espécie
de federação das artes marciais tradicionais japonesas). M. Hironishi, argumentando, junto do Ministro da Educação, que o
Karate era uma arte independente não integrada no Dai-Nihon Butokukai, conseguiu que o Karate continuasse a ser ensinado
nas escolas e universidades.
Em 1943, no seu regresso da China, país com o qual o Japão estava em guerra, Motonobu Hironishi é convidado a dar aulas no Shôtôkan. Em 1945,
o estado de saúde de Gigo Funakoshi agrava-se e é ele que o substitui na orientação dos treinos.
Juntamente com Shigeru Egami, Motonobu Hironishi liderou o processo de reconstrução do Dôjô Shôtôkan, que foi finalmente inaugurado em 18 de
Janeiro de 1976, em Tokyo, departamento de Shibaura, Minato-ku.
A partir de 1995 e até 1999, ano da sua morte, ocupa a posição de “Chairman” da NKS, delegando a posição de Presidente no Mestre Jôtarô
Takagi.
Motonobu (Genshin) Hironishi
Nascido em 1927 em Tokyo. Entrou na Chuo University e na sua Schoolmate Association Karate Club em 1944.
Designado como Principal do Shoto-kan em 1975, Designado em simultâneo como Presidente do Shoto-kai e
Principal do Shoto-kan em 1995, posição que ocupa até aos dias de hoje.
Designado como instrutor da Chuo University Schoolmate Association Karate Club em 2002. Designado como
President de Chuo Daigaku Gakuin Taiiku-kai em 1989, e como Director da Chuo University in 1993. Exerceu como
actividade profissional os cargos de President e Chairman do Conselho de Direcção da Mitsubishi Estate Co., Ltd.,
e é no presente supervisor desta companhia.
Jotaro Takagi
Nihon Karate Do Shoto Kai
(Membro oficial)


Os Mestres

Tetsuji Murakami
Desenvolvido por: Joaquim Trindade
© 2015 -2023, PKS - Associação Portugal Karate-Do Shotokai